O fracasso de bilheteria do filme que conta a história de vida do presidente Lula foi uma demonstração de que determinadas estratégias para driblar a legislação eleitoral, nem sempre dão certo.
Num país sério, nunca se admitiria o lançamento de um filme, patrocinado por várias emprensas que possuem contratos com o Governo, glorificando um político.
Lula teve de fato uma vida sofrida, uma vida de desgraça e chegou a presidente da república. Mas, para mim, merece destaque e serve de exemplo a vida do Presidente JK, que também teve as mesmas dificuldades de Lula, uma vida pobre, de miséria, nem chegou a conhecer o pai, sua mãe, professora primária, criou ele e a irmã sozinha e com muita dificuldade e mesmo assim, JK foi um vencedor, enfrentou a miséria e venceu. Venceu a eleição? Também, mas sua maior vitória talvez tenha sido a da vida acadêmica se formando médico.
Ninguém é presidente da república, você está presidente da república. Agora, médico, você é, e será até o final dos seus dias.
Lula poderia ter coroado a sua vida como também fez a senadora Marina Silva, que saiu de condições adversas e enfrentando todas as dificuldades conseguiu se graduar como professora de história, e hoje, está senadora da república pelo Estado do Acre, mas é professora de história de uma universidade federal no Acre.
Querem vender uma imagem santa de Lula, tentando fazer a população acreditar que tudo o que está acontecendo hoje no Brasil começou em 2003, como se Lula fosse o único responsável pelos avanços econômicos que o país desfruta. Esquecem de destacar a oposição ferrenha que o PT fez contra o Plano Real.
Querem alterar o curso da história e mistificar um político. Isso é grave e não podemos aceitar.
Não assisti o filme do presidente Lula, mas pretendo fazer. Agora, deixemos claro que não é proibido alguém querer fazer um filme sobre a vida de um ex-presidente da república, mas tudo é questão de analisar os fatos com bom senso. Estamos num ano eleitoral. Está será a primeira eleição presidencial da vida política do PT sem Lula. O risco de um fracasso nas urnas, com a candidatura de Dilma poderá levar o PT à beira do abismo. Por quê? Por que eles poderão eleger menos deputados federais e senadores e com isso, diminuir a representação política do partido no Congresso, o que implicará em menos fundo partidário e menos tempo de tv e rádio.
Lula pretende voltar como candidato em 2014. O PT precisa de Lula, sem Lula, o PT acaba e eles sabem disso.
O filme seria uma chama acesa na memória do eleitor, aproveitando a alta popularidade de Lula, para assentar a ideia de que Lula é o melhor dos melhores. O Brasil está assim, melhorando, tudo graças ao Lula, ele quem fez tudo sozinho. Desprezam os brilhantes governos de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso.
Mas, o fracasso que vem sendo o filme “Lula, o Filho do Brasil” foi um prenúncio de que falta muito para que o PT consiga o que quer.
terça-feira, 23 de março de 2010
quarta-feira, 17 de março de 2010
Resenha do livro: Qual é a tua obra? Mário Sérgio Cortella
Esse é o último livro lançado pelo filósofo e professor Mario Sergio Cortella: Qual é a tua obra? Inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética. Nele o autor mostra a importâcia de sabermos o valor do nosso trabalho.
O livro, com 141 páginas, foi lançado pela Editora Vozes, trata de questionamentos sobre gestão, liderança e ética, procurando explicar vários termos do ambiente corporativo, além de desafiar alguns comportamentos das pessoas em relação às outras.
O inicio do livro é um convite a refletirmos sobre certos valores que estão presentes em nossa sociedade. Para o autor, existe uma angústia muito grande dentro das pessoas e que está levando-as a se questionarem sobre o que estão fazendo com suas vidas e mais ainda, qual o verdadeiro significado de tudo isso. Funciona como uma sensação de vazio anterior, uma sensação de vazio que traz consigo uma crise no conjunto da vida social, do qual o trabalho é apenas um apêndice e que envolve a família, a relação entre as gerações e a própria escola. Estamos em um momento de transição, de turbulência muito forte em relação aos valores. Há uma necessidade urgente de a vida ser muito mais a realização de uma obra do que um fardo que se carrega no dia-a-dia.
O autor resgata trechos da história para explicar o significado de certos comportamentos em relação ao trabalho como a associação do trabalho como um castigo, um fardo ou uma provação. A explanação dessa associação começa no período do século II a.C e se estende até o século V, com a formação da sociedade greco-romana (sociedade essa que cresceu em sua exuberância a partir do trabalho escravo), passando pelo mundo medieval em que a relação foi senhor e servo (formação dos feudos, sem dúvidas presentes em muitas empresas) mudando a relação de escravidão para servidão, e finalizando com o mundo capitalista europeu que “exportou” o trabalho escravo para fora da Europa. Países como Brasil e Estados Unidos foram todos construídos sob a lógica da exploração do homem pelo homem.
Depois de apresentar a origem do trabalho, Cortella apresenta a visão da filosofia grega em relação ao trabalho, na qual a definição de dignidade é a capacidade de dedicar-se ao pensamento e não as obras manuais, a tal ponto que, no mundo escravocrata da filosofia e da ciência gregas não se faziam trabalhos manuais.
Esses dois últimos parágrafos representam a base da sociedade ocidental, que coloca o trabalho como castigo do ponto de vista moral-religioso ou uma concepção de castigo a partir da vontade dos deuses na cultura grega. Nobre é ser Senhor e o servo deve estar sempre na posição de submissão. Conceitos ainda muito presente no Brasil, pois ainda consideramos o trabalho manual como tarefa de inferiores.
A humildade é colocada como um dos valores a ser resgatados pela sociedade. Reconhecer que não estamos só, que devemos pensar em um senso maior de coletividade. Reconhecer que não sabemos tudo e que dependemos de outras pessoas para sobreviver. Um dos capítulos do livro é dedicado a importância de não se saber tudo (O lado bom de não saber) e condena aqueles que fingem que sabe. Aqueles que têm certeza de tudo. Gente que tem certeza de tudo, não evolui, não inova, não cresce. Gente que não tem dúvidas, só é capaz de repetir, E repetir em um mundo em constante mudança não é uma atitude inteligente.
Reconhecer que não sabe tudo leva você a querer evoluir, a buscar novos conhecimentos, a arriscar mais. Arriscar mais pode levar a erros. E erros devem ser corrigidos e não punidos. O que se pune é a negligência, desatenção e o descuido. Thomas Edison inventou a lâmpada elétrica de corrente contínua, mas o que não se divulga é que ele fez 1430 experiências antes de obter sucesso. Ele aprendeu que o fracasso não vem com o erro, mas quando desistimos ao cometermos um erro.
A parte final do livro é dedicado à ética. Uma reflexão da importância de pensarmos coletivamente. O autor deixa claro a diferença entre autonomia e soberania. Autonomia leva em consideração os impactos que suas decisões têm na vida das outras pessoas. Soberania é fazer tudo o que quer sem levar em consideração as consequências. Temos autonomia na nossa vida, mas não soberania.
Enfim, o livro leva a refletirmos sobre o significado de nossos atos, a substituir o hábito de fazer algo sem um sentido maior pelo sentimento de construção de uma obra, uma obra a ser construída por todos nós em busca de uma melhor qualidade de vida.
O livro, com 141 páginas, foi lançado pela Editora Vozes, trata de questionamentos sobre gestão, liderança e ética, procurando explicar vários termos do ambiente corporativo, além de desafiar alguns comportamentos das pessoas em relação às outras.
O inicio do livro é um convite a refletirmos sobre certos valores que estão presentes em nossa sociedade. Para o autor, existe uma angústia muito grande dentro das pessoas e que está levando-as a se questionarem sobre o que estão fazendo com suas vidas e mais ainda, qual o verdadeiro significado de tudo isso. Funciona como uma sensação de vazio anterior, uma sensação de vazio que traz consigo uma crise no conjunto da vida social, do qual o trabalho é apenas um apêndice e que envolve a família, a relação entre as gerações e a própria escola. Estamos em um momento de transição, de turbulência muito forte em relação aos valores. Há uma necessidade urgente de a vida ser muito mais a realização de uma obra do que um fardo que se carrega no dia-a-dia.
O autor resgata trechos da história para explicar o significado de certos comportamentos em relação ao trabalho como a associação do trabalho como um castigo, um fardo ou uma provação. A explanação dessa associação começa no período do século II a.C e se estende até o século V, com a formação da sociedade greco-romana (sociedade essa que cresceu em sua exuberância a partir do trabalho escravo), passando pelo mundo medieval em que a relação foi senhor e servo (formação dos feudos, sem dúvidas presentes em muitas empresas) mudando a relação de escravidão para servidão, e finalizando com o mundo capitalista europeu que “exportou” o trabalho escravo para fora da Europa. Países como Brasil e Estados Unidos foram todos construídos sob a lógica da exploração do homem pelo homem.
Depois de apresentar a origem do trabalho, Cortella apresenta a visão da filosofia grega em relação ao trabalho, na qual a definição de dignidade é a capacidade de dedicar-se ao pensamento e não as obras manuais, a tal ponto que, no mundo escravocrata da filosofia e da ciência gregas não se faziam trabalhos manuais.
Esses dois últimos parágrafos representam a base da sociedade ocidental, que coloca o trabalho como castigo do ponto de vista moral-religioso ou uma concepção de castigo a partir da vontade dos deuses na cultura grega. Nobre é ser Senhor e o servo deve estar sempre na posição de submissão. Conceitos ainda muito presente no Brasil, pois ainda consideramos o trabalho manual como tarefa de inferiores.
A humildade é colocada como um dos valores a ser resgatados pela sociedade. Reconhecer que não estamos só, que devemos pensar em um senso maior de coletividade. Reconhecer que não sabemos tudo e que dependemos de outras pessoas para sobreviver. Um dos capítulos do livro é dedicado a importância de não se saber tudo (O lado bom de não saber) e condena aqueles que fingem que sabe. Aqueles que têm certeza de tudo. Gente que tem certeza de tudo, não evolui, não inova, não cresce. Gente que não tem dúvidas, só é capaz de repetir, E repetir em um mundo em constante mudança não é uma atitude inteligente.
Reconhecer que não sabe tudo leva você a querer evoluir, a buscar novos conhecimentos, a arriscar mais. Arriscar mais pode levar a erros. E erros devem ser corrigidos e não punidos. O que se pune é a negligência, desatenção e o descuido. Thomas Edison inventou a lâmpada elétrica de corrente contínua, mas o que não se divulga é que ele fez 1430 experiências antes de obter sucesso. Ele aprendeu que o fracasso não vem com o erro, mas quando desistimos ao cometermos um erro.
A parte final do livro é dedicado à ética. Uma reflexão da importância de pensarmos coletivamente. O autor deixa claro a diferença entre autonomia e soberania. Autonomia leva em consideração os impactos que suas decisões têm na vida das outras pessoas. Soberania é fazer tudo o que quer sem levar em consideração as consequências. Temos autonomia na nossa vida, mas não soberania.
Enfim, o livro leva a refletirmos sobre o significado de nossos atos, a substituir o hábito de fazer algo sem um sentido maior pelo sentimento de construção de uma obra, uma obra a ser construída por todos nós em busca de uma melhor qualidade de vida.
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